Esclarecimento sobre a vacina para COVID-19 em pacientes que fazem ou fizeram aplicação de toxina botulínica.
Após uma publicação recente da FDA, agência do departamento de saúde dos EUA que regulamenta o uso de drogas e alimentos, muitos pacientes que fazem uso de toxina botulínica, tanto estética quanto terapêutica, ficaram com a dúvida sobre as possíveis interações e reações adversas do uso concomitante dessas duas substâncias.
Antes de citarmos o posicionamentos da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Medicina Física e Reabilitação, precisamos fazer algumas considerações importantes.
Riscos x Benefícios do uso da toxina botulínica e da vacina
Antes de qualquer decisão, devemos considerar os riscos e os benefícios que os pacientes terão em se vacinar e fazerem o uso da toxina botulínica.
Benefícios
A toxina botulínica tanto no aspecto terapêutico quanto estético parte do princípio que o paciente terá algum ganho com seu uso. Assim, quando pensamos no âmbito da reabilitação, estamos considerando a diminuição da espasticidade, eliminação de movimentos anormais, ganho de amplitude de movimento, adaptação a órteses e próteses, redução da dor, melhor posicionamento dos membros e melhora da qualidade de vida.
Já as vacinas contra COVID-19 são, indiscutivelmente, grandes responsáveis pela redução na mortalidade e na gravidade dos casos, dessa pandemia que insiste em não acabar.
Riscos
Alguns dos riscos da aplicação da toxina botulínica dizem respeito ao procedimento e outros à droga. Apesar de minimamente invasivo, a aplicação da medicação é feita pela via percutânea, isto é, com auxílio de uma agulha com perfuração da pele. Isso, por si só, já implica em riscos como sangramentos, inchaço, hematomas, vermelhidão e dor no local de aplicação. Além desses, existem os riscos da medicação, que são os sintomas adversos de tontura, fraqueza, mal estar, náusea, boca seca e reações alérgicas na pele. A vacina também é administrada pela via percutânea e também apresente efeitos adversos muito semelhantes aos descritos acima.
Qual o posicionamento das sociedades?
De acordo com a Academia Americana de Medicina Física e Reabilitação, deve-se haver uma discussão entre médico e paciente sobre os possíveis efeitos e interações da toxina botulínica e as vacinas contra COVID-19 a fim de encorajar a vacinação baseado nos riscos e comorbidades. Além disso, é necessário educar o paciente sobre a similaridade dos efeitos adversos da vacina e da toxina botulínica, orientando até mesmo quando deverá buscar o auxílio do seu médico. Por fim, recomenda um intervalo de 14 dias entre as aplicações de toxina botulínica e a vacinação contra COVID-19 a fim de minimizar os riscos de uma resposta imune contra toxina botulínica.
Já a Sociedade Brasileira de Dermatologia esclarece que a ocorrência de efeitos adversos nos procedimentos estéticos são previsíveis e já descritos. Além disso, orienta que este assunto deve ser tratado com cautela, já que essas reações são raras e já conhecidas.
Mas e aí, o que fazer?
Um aconselhamento sobre a condição de cada paciente, as recomendações e aconselhamento sobre os possíveis eventos adversos devem guiar o paciente no sentido de manter o seu tratamento com toxina botulínica. Além disso, todos devem ser alertados que os benefícios da vacinação contra a COVID-19, que é uma doença potencialmente fatal, são muito maiores que os eventuais riscos de uma reação.
Por fim, caso algum sinal ou sintoma inesperado apareça, após a vacinação contra COVID-19, em pacientes que fazem uso regular da toxina botulínica, é indicado que busque orientação médica para uma melhora avaliação e tratamento.
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